quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Linda mensagem

Bom dia, boa tarde, boa noite!

Cumprimente as pessoas.
Isso se chama amizade!
Deseje a cada um o melhor.
Isso se chama sinceridade!
Programe o seu dia, a sua semana.
Isso se chama ação!
Acredite que tudo dará certo.
Isso se chama fé!
Faça tudo com alegria.
Isso se chama entusiasmo!
Dê o melhor de si.
Isso se chama perfeição!
Ajude a quem precisa.
Isso se chama doação!
Compreenda que nem todos são como você.
Isso se chama tolerância!
Receba as bênçãos com gratidão.
Isso se chama humildade!

Essa é uma fórmula infalível que vai ajudar a sua semana a ser mais feliz.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vale a pena degustar desses textos.

Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões presume-se tenha nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). Viveu algum tempo em Coimbra onde, segundo consta, freqüentou aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boemia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma briga, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde escreveu, de acordo com seus estudiosos, grande parte da sua obra. Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleceu em Lisboa no dia 10 de junho de 1580. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo. Obras: "Os Lusíadas" (1572), "Rimas" (1595), "El-Rei Seleuco" (1587), "Auto de Filodemo" (1587) e "Anfitriões" (1587).

Poemas:



Transforma-se o amador na cousa amada
 
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
 
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
 
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
 
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
 
Busque Amor novas artes, novo engenho
 
Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
 
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
 
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
 
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
Alma minha gentil, que te partiste
 
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
 
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
 
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
 
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
 
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
 
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
 
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
 
Amor, que o gesto humano na alma escreve
 
Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.
 
A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
 
Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.
 
Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.
Ao desconcerto do Mundo
 
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Eu cantarei de amor tão docemente
 
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.
 
Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.
 
Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
 
Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.
Julga-me a gente toda por perdido
 
Julga-me a gente toda por perdido,
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.
 
Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.
 
Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;
 
Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.

Erros meus, má fortuna, amor ardente
 
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.
 
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
 
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
 
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Quem diz que Amor é falso ou enganoso
 
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
 
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
 
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
 
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.



Blog e a promoção de práticas de leitura e escrita

A tecnologia tem transformado a sociedade em todos os âmbitos. Seja no setor econômico, político, social ou educacional, ela se expande rapidamente, trazendo benefícios e eficiência. Mas, muitas pessoas ainda resistem ao seu impacto por falta de acessibilidade, devido à baixa condição financeira, ou mesmo por tecnofobia, resultando em uma não capacidade de renovar as condições de vida.
Apesar das grandes revoluções causadas pelas Tecnologias da Comunicação e Informação na sociedade ainda é possível encontrar no ambiente escolar o tradicionalismo pedagógico. Educadores insistem no ensino como depósito de saberes em que o aluno não passa de mero receptor de conhecimentos, uma conta bancária (FREIRE, 1997).
E mesmo que existam profissionais que façam uso desses instrumentos em sala de aula, há um aspecto que deve ser observado quanto à implantação das tecnologias na educação: o conhecimento técnico e o pedagógico não devem acontecer de modo isolado.
É ilógico pensar em primeiro ser um especialista em informática ou em mídia digital para depois tirar proveito desse conhecimento nas atividades pedagógicas. Há consistência didático-pedagógica quando esses conhecimentos crescem simultaneamente, um demandando novas idéias do outro, pois dominar as técnicas é uma necessidade e exigência do pedagógico.
Sabendo utilizar a tecnologia com eficácia, o professor poderá conduzir seu aluno a refletir, aprender a pesquisar, comparar, depurar, formar idéias, discuti-las com seu grupo, enfim, questionar o próprio conhecimento(PCN +, ENSINO MÉDIO, 2002, p. 208), e, além disso, proporcionar o conhecimento tecnológico tão eminente no mundo do trabalho que futuramente o aprendiz terá de enfrentar.
É necessário compreender que os recursos tecnológicos devem fazer parte do cotidiano escolar não como ferramenta principal, mas como complemento para inovação pedagógica.
Através do blog, uma interface digital, é plenamente possível realizar um processo de aprendizagem cooperativa, construtiva, interativa e de cunho social, concorrendo para uma prática educativa que ofereça situações de aprendizagem em que o “eu” dê lugar ao “nós”, que se formem cidadãos os quais saibam conviver, partilhar, cooperar. O uso do blog como tecnologia digital educacional leva o aluno a aprender de forma interativa preparando-se para uma participação cidadã, pautada na colaboratividade e na compreensão do “eu” e do “outro”.
Além do estímulo à cidadania, estimula a prática da leitura e da escrita, concretizando-as por meio de processos produtivos, dinâmicos, dialógicos em todos os contextos de relações de interação social. Essa prática atrelada ao ambiente virtual concebe "uma tecnologia enunciativa que viabiliza o surgimento de um novo modo de enunciação digital" (XAVIER, 2002, p. 97) definida como hipertexto.
Trata-se de “uma forma híbrida, dinâmica e flexível de linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas (MARCUSCHI e XAVIER, 2005, p. 171), viabilizando a emergência de uma nova forma de acessar, produzir e interpretar informações de maneira multissensorial que se constitui no modo de enunciação digital"(XAVIER, 2002, p.100).
Quanto ao hipertexto, é relevante observar a mudança na noção de autor e de leitor, dando a impressão de uma autoria coletiva ou co-autoria. No hipertexto, a leitura se torna uma escritura, já que o autor não controla mais o fluxo da informação. O leitor é quem determina a ordem da leitura, o conteúdo a ser lido e o formato da versão final de seu texto (MARCUSCHI, on-line). Nos dispositivos hipertextuais do blog, além da escrita virtual ou co-autoria, o usuário responde de maneira ativa ao texto, por meio dos posts, tornando-se o editor, inferindo nos conteúdos publicados por outras pessoas, expondo sua opinião.
A introdução dessa escrita eletrônica está conduzindo o ser humano a uma cultura eletrônica com uma escrita mais econômica, configurando a existência de um novo letramento – o letramento digital – que insere as práticas de ensino de língua portuguesa os novos gêneros de texto, denominados gêneros digitais. Não se trata de gêneros totalmente novos, mas híbridos, numa crescente diversificação de forma e usos comunicativos (MARCUSCHI E XAVIER, 2005).
Esses gêneros apresentam características próprias e dizem respeito a interações entre indivíduos reais, embora suas relações sejam virtuais síncronas ou assíncronas.
Como nossa preocupação é formar alunos leitores e escritores proficientes, é relevante analisar que nos gêneros textuais pertencentes ao ambiente digital, o uso da linguagem escrita é intenso. O que nos permite promover situações significativas e dinâmicas do ler e do escrever.
Mesmo não se tratando de uma interação face a face, tampouco síncrona, o blog, por sua própria constituição original como diário virtual, possibilita a formação lecto-escritora do estudante e rompe o artificialismo que se institui na sala de aula quanto ao uso da linguagem. (GERALDI, op. cit.).
Aos professores e estudantes, cabe participar de um processo conjunto para aprender de forma criativa, dinâmica, encorajadora que tenha como essência o diálogo e a descoberta. O blog, sem dúvida, tem muito a oferecer nesse sentido. Não se trata, apenas, de produtos de mercado, mas produtos de práticas sociais.

SILVA, J.S.S. Blog: tecnologia digital educacional à inovação de atividades de leitura e escrita nas aulas de língua portuguesa – monografia do curso de Especialização das Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão. Vitória de Santos Antão, janeiro de 2009 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Produção de textos: experiências significativas com a escrita


A ocasião faz o escritor. É este o título de abertura do caderno de crônicas da Olimpíada de Língua Portuguesa – 2ª edição. Para os alunos da Escola de Referência Abílio de Souza Barbosa, Orobó/PE, “Crônica: a história e o tempo em nossas mãos” - nossa primeira oficina assim foi denominada.
        O primeiro encontro dos alunos com o texto crônica foi bastante suave, pode-se assim dizer. Propus a leitura de vários textos de Veríssimo, com seu atrativo humor; de Drummond, com seu aguçado lirismo; e de Machado de Assis, com sua sapiência e objetiva criticidade. Todos os alunos visitaram os painéis expostos no quadro. Leram os textos com curiosidade, sem entender certamente o que estava acontecendo. Fiz a leitura da crônica escolhida pela turma, além também da leitura de livros da coleção Literatura em minha casa realizada pelos alunos em pequenos grupos. A apresentação da Olimpíada foi cumprida com êxito.
         A maior recompensa desse momento, concretizado com cinco turmas, foi simplesmente ver a participação de todos os alunos durante a leitura dos textos, já que ler não a opção de atividade deles. Riam, achavam bonito, queriam cópia do material. O entusiasmo deles era uma forma de fortificação para realizar as oficinas.
        Outro momento marcante também aconteceu quando escutamos a crônica de Sabino “A última crônica”:

“Primeiro a gente não entendeu muito. Tava complicado.
Mas surpreendeu e emocionou”.
Alunos do 1º Ano, Turma E

Há palavras que o vento não leva e como afirma Madalena Freire(1996), “o registrar de sua reflexão cotidiana significa abrir-se para seu processo de aprendizagem”. Posso reafirmar que todo processo de realização das oficinas gerou um conhecimento profundo acerca desse gênero textual não apenas nos alunos, mas também nos professores. Um desafio, visto que a crônica não é um texto referenciado para os trabalhos escolares.
Propiciamos uma INOVAÇÃO às situações de produção de texto; um trabalho de fato sócio-interacionista, com situações contextualizadas, que aproximaram os alunos dos usos AUTÊNTICOS DA ESCRITA. Uma experiência de escrita realmente significativa em que os alunos escrevam “com uma FINALIDADE concreta, para um DESTINATÁRIO concreto e adotando um GÊNERO também concreto” (SILVA e MELO, 2007).
Além disso, as atividades contemplaram os EIXOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA (linguagem oral, leitura, produção de texto escrito e análise lingüística) para que os aprendizes adquirissem “uma maior capacidade de agir nas situações mediadas pela linguagem” (LEAL e BRANDÃO, 2007).
Nossa meta sempre será formar ESCRITORES AUTÔNOMOS, capazes de produzir seus próprios textos em função do seu objetivo e do leitor a que se destina sem desconsiderar o gênero; capazes de olhar o próprio texto e revisá-lo, reescrevê-lo até considerá-lo satisfatório para o momento, e “só há um caminho: ESCREVER TEXTOS E MUITOS TEXTOS em situações significativas de interação e refletir sobre esses tantos escritos” (LEAL e BRANDÃO, 2007). Desafio ainda maior!
Todas as atividades prévias foram realizadas. Partimos para a produção de textos. Os alunos fizeram diários para anotar as coisas que viam ao seu redor. A partir desse momento, propus que fizessem de pequenos acontecimentos histórias emocionantes. O trabalho foi complexo e instigante. Muitos se destacaram desde a primeira produção à luz até mesmo do tom de linguagem de alguns autores lidos. A maior dificuldade foi fazer com que todos participassem da produção escrita. Há turmas em que 99% dos alunos escreveram, como também há aqueles que por dificuldades com a escrita se excluíram. Mas, com a interpelação do professor e dos colegas fizeram seus textos.
Produzimos, revisamos e reescrevemos. Houve alunos, finalistas, que reescreveram três a quatros vezes o texto. E não havia cansaço. O que lhes instigava? A competição? Talvez. Mas o que víamos eram seus olhos brilhando só de pensar que seu texto havia sido escolhido para finalista na fase escolar. A comissão julgadora formada por professor, pais e educadora de apoio fez a escolha do texto e enviou para a fase municipal.
Nossos textos foram selecionados e aguardamos a escolha estadual.



O escritor de crônicas
Ivson de Aguiar Barreto
EREM Abílio de Souza Barbosa

Pela primeira vez iria escrever crônicas para um jornal em Orobó. Estava apreensivo. Era a minha primeira experiência como escritor. Naquela manhã me dirigi a Redação. A ansiedade retirou todas as minhas ideias. Fui em busca delas.
Saí da Redação. Peguei meu carro. Iria a cidade vizinha, onde ficava minha casa. Pelo caminho, apreciava a paisagem, linda por sinal. Até que me deparei com uma confusão. Em frente ao Banco da cidade, parei o carro e fui ver o que estava acontecendo. Estendido no calçamento estava o corpo de uma criança com o uniforme da escola e um homem chorando, clamando por ajuda. Meus olhos encheram-se de lágrimas e a revolta tomou conta do meu ser.
Aquela criança, morta, mais um cidadão, marcado pela violência e pela pobreza, que buscava um futuro melhor para modificar sua triste realidade, visando ajudar seus pais e seu país. Agora inválido pela inconseqüência cometida por pessoas insensíveis, mais uma vítima da falta de segurança.
A imagem desse pai e do garoto não saíam da minha cabeça. Segui no carro, voltei à cidade. Não era mais o mesmo.
Escrevi minha crônica. Tentei expressar em cada uma das linhas meu sentimento de indignação frente a esse crime, mas nada poderia fazer. Eu era um simples cronista, sem fama, sem dinheiro, porém pleno em compaixão.




Coisas que a gente não esquece
Ana Márcia Maciel – 1º ano, Turma A

Ao entardecer, peguei a chave do carro e fui até a cidade. Pelo caminho, me deparei com pássaros cantando, árvores beirando a estrada, borboletas pousando dentre as flores; me dei conta do que as outras pessoas estavam perdendo.
Mais adiante aquele leve sereno ao fim da tarde, baixou a poeira e levantou o cheirinho de terra molhada. Já na cidade só sentimos cheiro de esgoto e asfalto. Não temos o agradável canto dos pássaros e a bela visão das borboletas. Só ouvimos a buzina dos carros e o ronco ensurdecedor de seus motores.
Ao chegar, ali parada abastecendo o carro o meu pai, vi uma cena triste. Um menino levava uma surra do seu padrasto. Era tão forte, tão voraz, tão cruel. Seu rosto estava coberto de lágrimas que mais pareciam sangue, nunca vi tanta frieza. Nunca pensei que algum ser humano pudesse machucar alguém assim. Ainda mais uma criança indefesa.
O menino tentava escapar das garras de seu padrasto que parecia ser um leão faminto e sua presa era simplesmente uma criança que aparentava ter pouco mais de três anos.
O frentista me devolveu a chave do carro. Eu não quis mais ver aquela cena de terror e injustiça. Peguei a chave e fui embora para casa. Eu não conseguia tirar aquela cena da minha cabeça. Não queria pensar que aquela história terminaria como as outras: pais irresponsáveis que empurram seus filhos para orfanatos; filhos que não sabem se terão uma vida como a das outras crianças com amor, brinquedos, educação...
Lembro da minha infância. De quando minha mãe me contava histórias para eu dormir. E meu pai? Sempre me pegava no colo; todos os dias me dava um doce e sempre dizia: “Esse doce, minha filha, é para deixar sua vida mais feliz”.


Psiu! Aqui pra nós...
Josenaidy Oliveira – 1º ano, Turma F

Um comentário aqui, uma conversinha acolá. Há sempre quem diga:
- Eu não gosto de mexerico, mas a filha da vizinha... aquela ali, não vale a comida que come!
Ou até mesmo:
- Não quero fazer fofoca, mas me contaram... é segredo tá, a fulana aí da frente vive com um e com outro. É uma... não vou nem falar o que ela é.
Ninguém escapa. Em qualquer lugar, há sempre alguém olhando a vida do outro para fazer aquele comentário infame e desagradável. E as maioes vítimas são elas, as mulheres. Ah as mulheres... tadinhas. Sofrem tanto, mas venhamos e convenhamos, algumas dão motivos!
No lugar onde eu moro não é diferente. A fofoca é tão grande que quando não encontram de quem falar, acabam falando de si mesmos. Um exemplo disso é que se você chega pra alguém e fala: “Menina, vou te contar um segredo...” antes de terminar a conversa, todo mundo já está sabendo e tem uma versão nova da história.
Mas, em qualquer lugar é assim. Quem conta um conto, aumenta um ponto!



Juventude rebelde
Débora Sousa dos Reis - 1º Ano, turma A

Na minha cidade as coisas quase sempre não mudam. O tempo teima em não passar e as pessoas insistem em falar... falar da vida dos outros. Esse talvez seja o único passatempo.
Todos os dias, tenho sempre a mesma rotina, vejo sempre as mesmas pessoas e quase sempre faço as mesmas coisas. Porem, nada disso me deixa triste. O que realmente me inquieta é saber que muito jovens se deixam levar pelo prazer e pela “felicidade transitória”.
Carpe diem! É assim que eles vivem. Não se preocupam em construir um futuro promissor. Falta amor por si próprio.
Observo a cena em volta... Quase sempre a rua está escura e há pouca movimentação de pessoas e carros. Não há nenhum tipo de fiscalização policial.
Em um dia desses – monótonos - me deparei com uma cena lamentável. Na rua ao lado, foram construídas barracas que funcionam como barzinhos, onde rola muita música e bebidas. Com a falta de iluminação esses lugares são propícias para a prática de atos inconsequentes.
A noite já estava bem avançada quando uma discussão me tirou da cama. Fui ao terraço e, para minha surpresa, eram duas meninas como pouco mais de treze anos discutindo.
O que me chamou mais atenção foi o motivo da discussão: a disputa por namorado. Depois de muitos gritos, tapas e ofensas, a briga chega ao fim.
O rapaz que estava sendo disputado deixou claro que não queria nenhuma das duas.
Daí vemos a que ponto a juventude pode chegar. Muitas vezes, frutos da desestruturação familiar e da falta de diálogo.
Esses jovens são a nossa realidade. A geração do futuro.