quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Literatura é arte!!!

CONCEITO DE BARROCO

Para chegarmos ao conceito de Barroco é necessário conhecer seu momento histórico.
O Barroco surgiu em Portugal no ano de 1580 e finalizou-se em 1756 com o surgimento da Arcádia Lusitana. Caracteriza-se na Europa pela ocorrência de conflitos políticos, econômicos, sociais e, principalmente, religiosos. A divisão da Igreja colocou em campos opostos católicos e protestantes, salientando suas divergências éticas, morais, sociais. Esses problemas geraram no homem um sentimento de angústia, de dúvida na qual ele tentava conciliar razão x fé; materialismo x espiritualismo; carne x alma.
Devido a esse momento de tensão os artistas e escritores da época mostravam em suas obras o exagero detalhista, dramático, procurando envolver as pessoas pelo sentimentalismo, pela emoção.
Um dos temas também freqüentes no Barroco é a fugacidade da vida. Mesmo sendo um tema da antiguidade, ainda persiste no barroco só que se de maneira angustiada, medrosa, chamando atenção para a ilusão dos prazeres e a constante mudança das coisas do mundo. É o que podemos observar no trecho do sermão “A vida e o tempo”, de Pe Antonio Vieira:

... E vendo o homem com os olhos abertos como tudo passa, só nós vivemos como se não passáramos. (...) Todos imos embarcados na mesma nau, que é a vida, e que todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo; e assim como na nau uns governam o leme, outros mareiam as velas; uns vigiam, outros dormem; uns passeiam, outros estão assentados; uns cantam, outros jogam, outros comem, outros nenhuma coisa fazem e todos igualmente caminham ao mesmo porto; assim nos, ainda que não pareça, insensivelmente imos passando e avizinhando-se cada um a seu fim: porque, conclui Ambrósio, tu dormes e o tempo anda: Tu dormis et tempus ambulant. Disse pouco em dizer que o tempo anda; porque corre, voa; mas advertiu bem em notar que nós dormimos; porque tendo os olhos abertos para ver que tudo passa, só para considerar que nós também passamos parece que os temos fechados. (...) considerando este continuo passar homem, diziam os sábios da Grécia que todo homem que chega a ser velho morre seis vezes; e como? Passando da infância à puerícia, morre a infância; passando da puerícia à adolescência, morre a puerícia; passando da juventude a idade de varão, morre a juventude; passando da idade de varão à velhice, morre a idade de varão; finalmente passando de viver por tanta continuação e sucessão de mortes, com a ultima que só chamamos morte, morre a velhice. (...) se o sol que sempre é o mesmo, todos os dias tem um novo nascimento e um novo acaso, quanto mais o homem por sua natural inconstância tão mutável, que nenhum é hoje o que foi ontem, nem há de ser amanha o que é hoje!
Antonio Vieira, apud Eugenio Gomes.
(org.), Trechos escolhidos, p. 85
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Diferentemente do Classicismo, o Barroco é um estilo que visa surpreender o leitor através das cores, do movimento, do pictural. Ele tem seu próprio caráter, sua própria expressão artística. Ele é único. Não busca imitação em nenhum outro movimento literário, não é fingimento como no Arcadismo. É um fragmento do mundo visível, ou seja, mostra a realidade da época através do subjetivismo, da emoção, da arte é o que afirma Wolfflin, o Barroco é uma produção artística nova e total, com seus próprios critérios, formas e intenções.
Para d’Ors o Classicismo Francês do século XVII é apenas uma maneira local especifica de uma movimento internacional de arte e civilização que habituamos a chamar Barroco. Na realidade, os franceses não aderiram ao Barroco com uma escola literária, pois o trataram como o senso do ridículo, antiartístico. Eles tinham uma rejeição ao moderno. Por isso desprezaram o Barroco, assim como não aceitaram o Impressionismo.
O Barroco é a irregularidade, a assimetria, a paixão em lugar da racionalidade as figuras parecem estar em movimento e os textos ganham vida através da linguagem. O Renascentismo é o contrario do Barroco: é equilíbrio, simetria, harmonia.
Segundo Gullar (1988), o Brasil é um país barroco. Aspecto observado nas paisagens, nas construções de Brasília, com suas linhas curvas; nas escolas de samba, nas igrejas e também no povo brasileiro dividido entre tantas religiões, mais ainda que no período da Reforma e Contra-Reforma, e dúvidas sobre fé e razão.
Já conhecemos vários conceitos de Barroco: barroco como irregularidade; como excesso; como senso do ridículo, segundo os clássicos. E para concretizar estas idéias, Wolfflin conceitua-o como a arte que se opõe ao renascentismo. Wolfflin distingue bem os dois períodos literários:
BARROCO RENASCIMENTO

Linear Pictural
Plano Profundo
Forma fechada Forma aberta
Plural Unitário
Luz absoluta Luz relativa

Pode-se dizer que, no século XVIII, os artistas procuraram sentir a vida na própria natureza de seu impulso. Abandonaram a visão clássica relacionada ao imutável e a perfeição. Neste período, a arte foi usada como meio de expressão dos sentimentos, crenças, valores e emoções dos seres humanos, de acordo com o que viviam.
A arte barroca permite que, o apreciador, “viva” a história de sua época. Seu efeito ativo faz com que a imaginação reflexione sobre o real.

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